Dúvidas frequentes

1) Qual a importância ou a necessidade desse projeto para a população infanto-juvenil retornada do Japão?

Podemos observar entre as crianças que vêm do Japão ou retornam de lá, inúmeras dificuldades na sua (re)adaptação à sociedade brasileira, bem como ao sistema educacional brasileiro, tornando-as bastante vulneráveis à exclusão social e educacional. De alguns anos para cá, podemos observar também uma mudança no perfil dessa população que, embora cidadãos brasileiros, são crianças nascidas no Japão e muitas delas não conhecem o Brasil, chegando aqui não como retornados mas como novos imigrantes estrangeiros.

2) Que dificuldades essas crianças apresentam?

As dificuldades são bastante diversas pois podemos perceber inúmeras variáveis que se inter-relacionam mostrando que cada criança mostra uma problemática particular, inclusive o estado em que a criança retorna ou chega ao Brasil, depende muito da qualidade de sua estada naquele país. Apesar disso, podemos perceber alguns pontos em comum como: a dificuldade com o idioma, especialmente, a linguagem mais acadêmica, formal; muitas crianças não possuem o mínimo vocabulário em português para a vida cotidiana. O stress causado no lidar com as grandes diferenças culturais e outros fatores sócio-familiares parecem importantes e interdependentes: o período de vida em que migrou para o Japão, o período de estadia naquele país, a cidade e a infra-estrutura de recepção encontrada, que tipo de escola que freqüentou ou se deixou de freqüentar, interrupções e mudanças, relacionamentos interpessoais, estrutura e dinâmica familiar, entre outros.

3) A questão do idioma não é resolvida com o tempo, com a criança na escola e na convivência diária com brasileiros?

Sem dúvida, se a criança está com a sua capacidade de relacionamento boa, se existe o desejo dessa criança de se integrar, a barreira da língua em si, poderia ser contornada com algumas aulas de reforço apenas. Porém, muitas crianças brasileiras, especialmente as que estão nas séries fundamentais do ensino básico, apresentam um quadro que está sendo chamado de “double limited”, isto é, a criança não tem domínio em nenhum dos dois idiomas; foi perdendo a capacidade em sua língua materna e ao mesmo tempo, não conseguiu adquirir o necessário ou o suficiente no idioma japonês, não conseguindo assim, alcançar um aprendizado para acompanhar suas turmas nas escolas japonesas. Isso traz conseqüências mais sérias pois compromete o desenvolvimento da capacidade de pensar, de construir o raciocínio. Assim, mesmo que adquira a capacidade do ponto de vista do idioma, fica defasado na capacidade cognitiva.

4) Além do idioma, que outras dificuldades podem apresentar?

Muitas crianças retornadas apresentam uma demanda adicional, de manter os conhecimentos adquiridos no Japão (observa-se que existe uma certa facilidade de se perder o que foi aprendido, especialmente a fluência no idioma japonês), conhecimentos que poderão vir a ser um recurso adicional importante para o seu desenvolvimento. Outras sentem necessidade de ter maior contato com os pais, já que muitos cresceram num ambiente onde seus pais estavam praticamente ausentes, trabalhando; e o projeto visa criar oportunidades para esse contato. Há ainda, aquelas crianças que apresentam dificuldades por falta de estimulação na primeira infância; outros que sofrem de ansiedade de estresse pós-traumático, após experiências de discriminação e maus-tratos.

5) Que objetivos esse projeto procura alcançar?

Este trabalho visa responder à demanda dessas crianças, elaborando intervenções adequadas para grupos diferentes de crianças, como oferecer aulas de reforço nas matérias de maior dificuldade, atendimentos psico-pedagógicos, propiciar maior estimulação, orientação de pais e educadores, entre outros. Experiências em trabalhos de intervenção demonstram a importância de se criar uma interlocução entre o aluno, a escola e a família, criando-se assim, um “tripé” que servirá de base para propiciar um desenvolvimento integral à criança.

6) Como são esses grupos de atendimento?

Tanto crianças quanto pais e professores serão atendidos em grupos ou/e individualmente, conforme a necessidade. Serão utilizadas técnicas lúdicas e psico-pedagógicas e, dependendo da necessidade, de algum outro profissional, por exemplo: um professor de línguas, um arte-educador, estes serão acionados.

7) Quantas crianças vão ser atendidas e por quanto tempo?

Serão atendidos 4 grupos (de no máximo 8 crianças) por escola em duas escolas, no máximo e terá a duração de um ano letivo (2 semestres) com 2 a 5 atendimentos psicopedagógicos e de aulas de reforço semanais conforme a demanda.
Estaremos trabalhando com indicadores de resultados. Assim, o projeto estará periodicamente sendo reavaliado e sofrendo modificações, se necessário. Os indicadores de resultados incluirão tanto a parte metodológica quanto a evolução das crianças, avaliadas com a participação da direção, corpo docente, crianças e seus respectivos familiares.

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