Pra gente pensar……………

Estou participando de um grupo de estudo no Projeto Kaeru e o tema que escolhemos foi sobre o Bullying. O grupo está realizando um levantamento bibliográfico que abrangem uma variedade de autores e áreas de atuação. Acredito que ainda levará um bom tempo para levantarmos todo esse material. No momento, cada membro do grupo propôs realizar um resumo do conteúdo estudado.

Fiquei interessada em estudar o tema quando este ocorre no ambiente escolar. Assim, fiz a busca de artigos e pesquisas que focavam o Bullying nas escolas e comecei a estudar um autor americano, Allan L. Beane ( 2011). O livro apresenta uma proposta de orientar os pais que carecem de conhecimentos e habilidades em relação a manter seus filhos seguros tanto nas ruas como nas escolas, e ajudar a impedir que seus filhos se tornem vítimas do bullying.

O autor explica que o Bullying é uma forma de comportamento agressivo e direto que é intencional, doloroso e persistente. Existem dois personagens: a vítima que fica perturbada e o agressor que se mantém calmo. O seu comportamento pode aparecer de forma variada: tanto física ou verbal, como social e relacional. O físico inclui: bater, dar tapas, cotoveladas, empurrões, forçar com o corpo, colocar o pé na frente, chutar, tomar, roubar, desfigurar pertences, restringir, beliscar, cuspir e outros. O verbal inclui: apelidos ofensivos, comentários insultuosos e humilhantes, provocação repetida, comentários racistas, assédio, ameaçar, intimidar, cochichar sobre o outro pelas costas. O social e relacional inclui: destruir e manipular relacionamentos, destruir reputações ( como fofocar, espalhar rumores maliciosos e cruéis, mentir sobre outras crianças), excluir o indivíduo de um grupo, constrangir e humilhar, usar linguagem corporal negativa, gestos ameaçadores e pichação ou bilhetes com mensagens ofensivas.

Enquanto lia este livro, lembrava-me da história de um aluno que atendemos no Projeto. Ele tinha passado por esta experiência dolorosa, tinha sido uma vítima. Gostaria de descrever alguns episódios dessa história, tomando o cuidado de preservar a sua identidade, não revelando, em hipótese nenhuma, o seu nome, o nome da escola, a sua série e etc.

As vezes o aluno chegava no atendimento muito triste e não conseguia falar do que tinha acontecido. A relação de confiança custou a acontecer. E começou a contar o que sentia e acontecia com ele depois de um bom tempo. Ao falar sobre o bullying e como tinha acontecido, ele sentiu-se muito envergonhado. Assim ele relatou: Quando entrou na sala de aula, a sua mochila não estava em sua carteira, ficou desesperado. Ele ficou muito preocupado, porque começara a ler um livro que estava em seus pertences. Desesperado, foi atrás dela procurando em todos os lugares daquela sala. Alguns colegas apontavam onde estava a sua mochila: por de trás de um muro. Ele quis dizer do lado de fora da escola. Ele ficou perdido e não sabia para onde ir. Ele entrava e saia da sala de aula. Mais uma vez, um de seus colegas dava mais uma dica: estava do lado de fora da escola, perto daquele muro. Ele não hesitou e desesperado pulou o muro da escola, mas não encontrou nada. Enquanto pulava, a coordenadora pedagógica avistou aquela cena e lhe deu uma advertência. Em seguida, mandou chamar o responsável e levou mais uma chamada da coordenação. A escola não conseguia acreditar que ele tivesse participado de uma travessura, pois era um aluno aplicado, comportado e disciplinado. Depois da bronca da coordenação e já sabendo que seu pai tinha sido chamado para buscá-lo, dirigiu-se até a sua sala de aula. E lá estava a sua mochila, sobre a sua carteira, intacta.

Ele contou essa história de maneira muito truncada e aos poucos fazia sentido do que ele falava. Seu discurso era como um quebra-cabeça, que aos poucos começava a fazer sentido. Ele falava aos poucos. Eu Arriscava fazer algumas perguntas, mais para entender o que estava acontecendo. Ele repetia diversas vezes a bronca que levou da coordenação, repetia que elas não acreditavam no que tinha acontecido, do que tinham visto. Em poucas horas daquele dia, a escola toda já estava sabendo que ele tinha pulado o muro.

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